sábado, 25 de outubro de 2014

Reformando meu banheiro com Annabelle e a criança com chifres.

Mais uma quinta feira comum passando bem lentamente de propósito para tornar minha vida um pequeno umbral(vide purgatório), me obrigando a roer uma das minhas próprias pernas pra sobreviver sem demais sequelas, eis que dá 18h. Hora de ir ver Anabelle no cinema. 
Creio que nunca disse aqui o quanto sinto medo de bonecas. Eu acho que ele surgiu desde a época que houve boatos que as bonecas da Xuxa enforcavam as pessoas durante à noite. E eu coincidentemente tinha uma boneca da Xuxa, que após saber que o demônio estava nela, atirei-a na rua usando uma luva pra não me contaminar com as trevas. Poréeeem sem explicação alguma, a boneca surgiu no quartinho de costura da minha mãe (e eu levei uma surra da mesma, obviamente a boneca tinha dominado a mente da pobre dona Cida) e até hoje ela está lá, de vez em quando saindo de Robert nas minhas fotos.
Outro detalhe que não posso deixar passar é que estão reformando minha casa. Logo menos fará sentido, ou não.
Voltando ao cinema, reuni três amigos para ir no belo shopping de Suzano. Entramos na sala, cujo filme já havia começado, te obrigando a ir procurar quatro lugares no escuro, fazendo você tropeçar nos degraus da escada, esbarrar nas pessoas e roubar refrigerante dos mais desavisados. (Ok, esse último não foi obrigação, but) Finalmente achamos os lugares separados e taca-lhe filme Marcos.
Após quase duas horas de filme e muita gritaria (ainda bem que eu não gritei, af) sai da sala de cinema com um cagaço muuuito grande, afinal esse filme reuniu demônios, espíritos, e tudo o que há de ruim.
Cheguei em casa meio em choque ainda, peguei um gato no colo, fui tomar banho(com o gato perto), e deitei. Já era meia noite.
-“VALEEEEERIA...’’
-“NÃO ME MAAATE!!”
-“...apaga a luz da cozinha sua louca.”
-“Ahh. To indo.”
E lá vou eu com o gato apagar a luz da cozinha. Pra ir foi de boa. O problema foi voltar. Depois de ensaiar várias vezes minha corrida de volta pra cama sem deixar o gato cair ou bater a cabeça na parede ou até mesmo ser pego pela Anabelle, finalmente apaguei a luz e sai correndo. O gato chegou sem ferimentos, mas eu sai me batendo em todas as quinas possíveis, inclusive quase arranquei meu dedinho do pé no fogão, e a testa no micro-ondas.
Após toda essa luta contra o mundo espiritual, cheguei na cama e consegui dormir. Tudo isso pra sonhar que a Anabelle estava reformando meu banheiro junto com o pedreiro. Ela flutuava colocando os pisos da parte alta, enquanto o outro arrumava a parte de baixo. Acordei sem saber o que pensar sobre, então resolvi olhar o celular. 5 horas da manhã.
Olho pro lado e cadê Nichollas? (meu sobrinho que dorme na cama ao lado). Nem sinal. Pensei: ”Pronto, foi pego. Cadê o gato pra eu poder levantar?”
De repente vejo uma criança correndo no escuro (que pra constar não estava tão escuro, pois a luz do poste da rua deixava o quarto meio claro) do banheiro pra cama e deitou. Até aí tudo bem. Só tinha uma coisa errada. A CRIANÇA TINHA CHIFRES!
-“VALEI-ME MINHA NOSSA SENHORA, MIM POUPE DESSA VEZ” (na hora do medo você perde a noção do português correto.)
E detalhe que enquanto isso eu estava tentando lembrar de uma música poderosa pra expulsar demônios, porém a única que me veio a cabeça foi essa:
Os animaizinhos subiram de 2 em 2
O elefaaaaaante e os passarinhos como filhos do Senhor
O que o queee?
Os animaizinhos...
Ou seja, acho que não ia me ajudar muito.
Vendo meu desespero, a criança de chifres levantou e acendeu a luz.
-“Tia?”
-“MAS POR QUE DIABOS VOCÊ TÁ DORMINDO COM A MÁSCARA DO BATMAN? QUER ME MATAR?” (quase toda noite ele dorme com essa máscara e levanta de madrugada para ir ao banheiro, mas justo nesse dia esqueci disso).
-“Se vossa senhoria não sabe, eu tenho que dormir pronto pra combater o crime”.
Depois dessa noite alucinante, consegui dormir 2 horas depois do ocorrido, com aquela sensação de “QUE FOI ISSO?”
E com tudo isso conclui que não devo mais assistir filmes com bonecos. Sábado vou ir assistir de novo.
*imagem ilustrativa*

Se gritar pega ladrão...


O segundo assalto é quase tão emocionante quanto o primeiro. Te dá a mesma sensação de estar andando naquele brinquedo que carinhosamente chamam de “Samba”, onde você obrigatoriamente tem que ficar agarrado no ferro enquanto seu seio pula pra fora involuntariamente devido ao trancos violentos do mesmo, e você não pode arrumar pois se ao menos afrouxar a mão um pouquinho, já é arremessado para o outro lado do brinquedo. Com a diferença de que no Samba você não corre o risco de levar um tiro na face. Pois bem.
Após um belo dia no shopping de Suzano que, pra quem não conhece, é um belo shopping, muito amplo e cheio de atividades educativas e comidas diversas, resolvi ir embora portando meus kits(celular, sorvete de casquinha mista e passagem do ônibus). Segui minha jornada até o ponto, onde fiquei esperando o ônibus durante 40 minutos, o que acabou me deixando um pouco chateada, desmotivada, e sem vontade de cantar uma bela canção. Inocentemente sem saber de nada, olho para o relógio e penso “ainda é cedo, vou andando.” Eram 19h.
Passei pelo shopping de tamanho infinito, pelos matos que ainda rodeiam a faculdade e fui seguindo pela avenida principal Mogi das Cruzes, que é uma avenida bem grande e bem movimentada por carros, onde de um lado tem um parque, que pra mim tecnicamente é um mato cercado, e do outro lado também tem mato, mas com dois prédios enfiados lá no meio. Enfim, logo estava na metade do trajeto, quando não mais que de repente sinto que estou sendo seguida por um moço com um gingado um tanto suspeito. Automaticamente já imaginei que ele não estava ali pra me vender Herbalife, Cogumelo do Sol, produtos Ivone ou me informar sobre Jeová e o fim da humanidade, então logo comecei a pensar que minha ideia de ir andando sozinha foi um tanto quanto imbecil, no caso.
-‘Ei gata, que horas são aí?’-perguntou o simpático ladrão ao se aproximar de mim. Na tentativa de me mostrar uma pessoa bacana e pobre, informei humildemente a hora e ainda comentei sobre o frio. Ele agradeceu e passou por mim, parando na minha frente. –‘passa o que cê tiver de valor ai e ninguém se machuca.’ Pensei “mas moço, eu te tratei de uma forma tão especial...”
Mas enfim, já com um cagaço muito grande, fui me preparando para passar meus pertences, quando do nada vi o moço incorporando o João Kleber – ‘PARA PARA PARA TUDO AGORA! Você é a mina frequentadora do bar Xis(nome fictício) né?’ Não tinha como negar né, o cara fez uma pergunta retórica, então só balancei a cabeça afirmativamente. –‘Me desculpa por te fazer passar por isso você é muito firmeza, não sabia que era você! Boa noite e cuidado’.
Ainda sem saber o que pensar sobre, e sendo a segunda vez que me acontece essa cagada do ladrão me conhecer, continuei meu percurso até em casa, onde duas quadras antes encontrei uma amiga e contei o ocorrido de uma forma bem tranquila, para não desesperar ninguém.
- ZULEIDE(nome fictício) EU QUASE FUI ASSALTADA E QUASE MORRI EM SUZANO, O CARA TAVA COM UM REVÓLVER E TUDO MAIS
- NOSSA SENHORA DA MISERICÓRDIA QUE LÁSTIMA DERRADEIRA, FOI DEUS QUE TE SALVOU
- Na verdade ele me conhecia e resolveu me poupar.
- Ah. Que bom.
- Até mais miga.
- Até gurl.
Concluindo, cheguei em casa sem ferimentos e com todos os meus pertences, e aprendi a lição mais valiosa de todas: Seja simpática com todos, porque você não sabe o assaltante de amanhã.