sábado, 25 de outubro de 2014

Se gritar pega ladrão...


O segundo assalto é quase tão emocionante quanto o primeiro. Te dá a mesma sensação de estar andando naquele brinquedo que carinhosamente chamam de “Samba”, onde você obrigatoriamente tem que ficar agarrado no ferro enquanto seu seio pula pra fora involuntariamente devido ao trancos violentos do mesmo, e você não pode arrumar pois se ao menos afrouxar a mão um pouquinho, já é arremessado para o outro lado do brinquedo. Com a diferença de que no Samba você não corre o risco de levar um tiro na face. Pois bem.
Após um belo dia no shopping de Suzano que, pra quem não conhece, é um belo shopping, muito amplo e cheio de atividades educativas e comidas diversas, resolvi ir embora portando meus kits(celular, sorvete de casquinha mista e passagem do ônibus). Segui minha jornada até o ponto, onde fiquei esperando o ônibus durante 40 minutos, o que acabou me deixando um pouco chateada, desmotivada, e sem vontade de cantar uma bela canção. Inocentemente sem saber de nada, olho para o relógio e penso “ainda é cedo, vou andando.” Eram 19h.
Passei pelo shopping de tamanho infinito, pelos matos que ainda rodeiam a faculdade e fui seguindo pela avenida principal Mogi das Cruzes, que é uma avenida bem grande e bem movimentada por carros, onde de um lado tem um parque, que pra mim tecnicamente é um mato cercado, e do outro lado também tem mato, mas com dois prédios enfiados lá no meio. Enfim, logo estava na metade do trajeto, quando não mais que de repente sinto que estou sendo seguida por um moço com um gingado um tanto suspeito. Automaticamente já imaginei que ele não estava ali pra me vender Herbalife, Cogumelo do Sol, produtos Ivone ou me informar sobre Jeová e o fim da humanidade, então logo comecei a pensar que minha ideia de ir andando sozinha foi um tanto quanto imbecil, no caso.
-‘Ei gata, que horas são aí?’-perguntou o simpático ladrão ao se aproximar de mim. Na tentativa de me mostrar uma pessoa bacana e pobre, informei humildemente a hora e ainda comentei sobre o frio. Ele agradeceu e passou por mim, parando na minha frente. –‘passa o que cê tiver de valor ai e ninguém se machuca.’ Pensei “mas moço, eu te tratei de uma forma tão especial...”
Mas enfim, já com um cagaço muito grande, fui me preparando para passar meus pertences, quando do nada vi o moço incorporando o João Kleber – ‘PARA PARA PARA TUDO AGORA! Você é a mina frequentadora do bar Xis(nome fictício) né?’ Não tinha como negar né, o cara fez uma pergunta retórica, então só balancei a cabeça afirmativamente. –‘Me desculpa por te fazer passar por isso você é muito firmeza, não sabia que era você! Boa noite e cuidado’.
Ainda sem saber o que pensar sobre, e sendo a segunda vez que me acontece essa cagada do ladrão me conhecer, continuei meu percurso até em casa, onde duas quadras antes encontrei uma amiga e contei o ocorrido de uma forma bem tranquila, para não desesperar ninguém.
- ZULEIDE(nome fictício) EU QUASE FUI ASSALTADA E QUASE MORRI EM SUZANO, O CARA TAVA COM UM REVÓLVER E TUDO MAIS
- NOSSA SENHORA DA MISERICÓRDIA QUE LÁSTIMA DERRADEIRA, FOI DEUS QUE TE SALVOU
- Na verdade ele me conhecia e resolveu me poupar.
- Ah. Que bom.
- Até mais miga.
- Até gurl.
Concluindo, cheguei em casa sem ferimentos e com todos os meus pertences, e aprendi a lição mais valiosa de todas: Seja simpática com todos, porque você não sabe o assaltante de amanhã.

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