Cheia de manias. Toda dengosa.
Menina bonita. Sabe que é gostosa.
Olá pessoal, tudo bom? Estou aqui
para contar mais uma história pra vocês. Porque se há vida, há história.
Aqui em casa é sempre uma
aventura quando saímos em família. Primeiro, porque sempre que combinamos o
rolezinho nunca dá certo, porém quando dá, digamos que alguma coisa tem que
sair errada se não o universo entra em colapso, desaparece, e uma coisa mais
bizarra ainda surge no lugar. Sim, acabei de revelar o segredo da vida pra
vocês, a origem do universo e tudo mais. Shhh. Última vez que o universo
desapareceu foi em Férias Frustradas, 1983.
Mas então, vamos imaginar: Viagem
+ gente que só fala gritando + pessoas altamente apavoradas + uma criança que
não pára de falar enquanto você tá nervoso + gente que ama dar palpite +
destino incerto = tá pronto sorvetinho DO CAOS
Vamos à história completa.
No aniversário da minha irmã
Vanessa, decidimos ir à uma praia paradisíaca, ainda desconhecida por nós,
praia do Éden, em Guarujá. Até aí tudo bem, conseguimos chegar lá sem
ferimentos ou desilusões(tirando que achei que por ser uma praia do Guarujá, só
teria gente bonita, infelizmente errei rude), usamos o gps que nos orientou por
uma via que passava por Bertioga e não precisava pegar balsa nem nada. Tudo mil
maravilhas.
Chegamos e foi muito divertido
devido às várias experiências de quase-morte que tivemos, pois as ondas eram
muito fortes, fazendo com que rolássemos na água em ritmo de festa. Várias
vezes me senti dentro de uma batedeira, perto do epicentro* de um terremoto. No
final ganhei vários hematomas e ralados, fora a quantidade absurda de areia que
entrou em lugares que eu nem imaginava que tinha a possibilidade de entrar. Mas
devido ao lugar maravilhoso, eu estava anestesiada, só fui reparar em tudo isso
ao chegar em casa, anos depois.
Passamos o dia lá e pá sei que
lá, pagamos 15 reais num pote de açaí do tamanho de um vidrinho de Yakult, (o que
me fez ficar indignada por um bom tempo) finalmente chegou a hora de dar tchau.
Chegamos ao carro, devolvemos o
balde pro cara do estacionamento(ele havia emprestado para carregarmos as
cervejas), pegamos os celulares para ligar o gps. Ah, esses celulares.
Eu fiquei incumbida de tirar as
fotos do rolê, portanto minha bateria estava acabando. Minha mãe deixou o
celular ligado com a internet desligada, porém não ajudou muito pois ficou
gastando de qualquer forma. Dio (cunhado) nem sei se estava com o celular dele,
e a Vanessa não tinha crédito. Já começou errado aí essa volta.
Pensamos: “Bom, como vamos até
Bertioga e de lá sabemos voltar, 15% de bateria será o suficiente né. Vamos
colocar aqui no celular da mãe mesmo.”
Então, fui incumbida de outra
missão. Colocar o destino no celular da minha mãe e entregá-lo ao copiloto
Vanessa para orientar o motorista, Dio.
Sem um pingo de maldade no
coração, coloquei o destino para Poá direto, ao invés de colocar para
Bertioga... e aí começou a saga mais longa de nossas vidas.
O gps nos mandou voltar por
Santos, e até então todos nós achamos que seria melhor e mais rápido voltar por
SP, e já que tínhamos algo nos orientando seria tudo mais fácil.
Desilusão, desilusão, danço eu
dança você na dança da solidão (música)
Pegamos a balsa pra Santos,
pagamos 11 reais naquela merda. Ok.
Seguimos viagem, e só foi
piorando. Passamos pelo menos por uns 3 pedágios, e quando achamos que não
tinha como ficar pior... Pourran... a gasolina entrou na reserva.
Lembra a receita do sorvetinho do
caos que citei acima? Então, começou nessa hora. Me senti no Masterchef do
umbral.
Dio começou a ficar apavorado,
passando a mão no rosto e nos cabelos repetidas vezes, Vanessa tentando manter
o Dio calmo sem sucesso, minha mãe dando leves palpites tentando não apavorar mais
ainda o motorista, o Ni falando sobre polícia, e eu fingindo que estava morta.
Devido à gasolina quase acabando,
tivemos que pegar a próxima saída para achar um posto. Saímos aonde? No bairro
Pimentas. Sim repito, claro. PIMENTAS, GUARULHOS.
Fomos no cagaço, mas não tínhamos
escolha. Pensa, você está num lugar totalmente desconhecido, porém conhece a
fama de ser amaldiçoado por Deus. Nada contra. É o que dizem. Boatos. Fora que,
todo mundo quase sem bateria para pedir ajuda.
Colocamos o posto mais próximo no
gps, e seguimos. Demos mais ou menos 500 voltas pelos bairros daquele lugar
maravilhoso, e quando estávamos chegando no posto, adivinhem: ESTAVA DESATIVADO.
Sim senhores.
Agora imaginem o diálogo dentro
do carro:
“VALEI-ME NOSSA SENHORA”
“não tia, porque a polícia não
vai deixar nada acontecer, e eu sou o Batman”
“puta merda”
“Kiss me hard before you go,
summertime sadness”
Seguimos pelo que parecia ser a
avenida principal, e graças aos deuses, 5 minutos depois achamos um posto. Já
sem nenhuma fé no gps, resolvemos perguntar aos gentis senhores do posto como
ir pra casa.
“Olha, segue essa avenida, vira a
direita, depois a esquerda que vocês vão sair no lugar X, e aí só seguir
direto. Mas segue esse caminho certo, porque se vocês errarem, vão sair daqui
sem o carro.”
Foi um incentivo maravilhoso para
anotar num papel.
Depois de mais um pedágio e rodar
mais um pouquinho(dessa vez com tanque cheio), chegamos em casa. E o que
aprendemos com essa história, caros colegas? Nunca, mas nunca mesmo na sua vida
confie à mim um GPS.
*ponto da superfície da Terra
onde primeiramente chega a onda sísmica. Terremoto.
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